Lucas Mantovani
O planejamento estratégico é um pilar essencial para o sucesso corporativo, mas, no Brasil, ainda é subutilizado. Apenas 10% das empresas realizam planejamentos de médio e longo prazo, segundo uma pesquisa realizada pela consultoria Falconi. Nesse contexto, a análise de forças, fraquezas, oportunidades e ameaças — conhecida como SWOT — desponta como uma ferramenta indispensável para traçar estratégias eficazes. Ainda assim, costumam negligenciar um elemento crucial: a adequação jurídica. Incorporar esse aspecto ao planejamento estratégico pode determinar o sucesso ou fracasso de um negócio.
A insegurança jurídica é um elemento externo que afeta todos os segmentos econômicos, criando um ambiente desafiador e imprevisível. Mudanças frequentes na legislação, interpretações divergentes e uma burocracia robusta tornam difícil para as empresas se planejarem com segurança. Além disso, nos últimos anos, o Brasil vivenciou a implementação de regulamentações importantes, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), reformas trabalhistas e exigências fiscais mais rígidas. Estar em conformidade com essas normas deixou de ser um diferencial e tornou-se uma questão de sobrevivência no mercado.
Nesse cenário, a análise SWOT deve abordar a adequação jurídica tanto como oportunidade quanto como fraqueza. Do ponto de vista das oportunidades, empresas que investem em conformidade legal podem se destacar positivamente. Um compromisso visível com a legalidade atrai investidores, consolida parcerias e inspira a confiança nos clientes, fortalecendo a reputação organizacional. Por outro lado, a ausência de conformidade jurídica é uma fraqueza que pode levar a multas, sanções, processos judiciais e danos à imagem corporativa, prejudicando tanto as operações quanto a saúde financeira.
É imprescindível adotar um passo a passo estruturado que incorpore a adequação jurídica ao planejamento estratégico.
Como fazer
O primeiro passo é realizar revisão e atualização contínua. Isso envolve analisar completamente as obrigações legais e regulamentares que afetam a operação da empresa, identificando as áreas que necessitam de correção. Esse diagnóstico inicial é crucial para evitar surpresas que possam comprometer os negócios no futuro.
Em seguida, engajar uma consultoria especializada pode ser decisivo. Profissionais com experiência em adequação jurídica podem orientar e implementar as mudanças necessárias de maneira eficiente. A expertise técnica contribui para a resolução de problemas e para a identificação de oportunidades estratégicas que podem passar despercebidas por equipes internas.
Outro ponto de atenção é revisar a análise SWOT da empresa para refletir a realidade jurídica. Devem incluir a conformidade legal como uma oportunidade a ser explorada, enquanto devem encarar a falta dela como uma falha interna. Além disso, capacitar a equipe é um elemento-chave. Promover treinamentos e workshops que expliquem a relevância da conformidade legal para o sucesso da empresa, fortalece a cultura organizacional e promove um entendimento coletivo das responsabilidades jurídicas. Quando todos os setores estão alinhados, o impacto positivo é sentido em toda a estrutura, desde a gestão até o atendimento ao cliente.
Ao investir na adequação jurídica, as empresas não apenas protegem patrimônios e evitam penalidades, mas também aprimoram a governança corporativa. Um compromisso sério com a conformidade legal gera processos internos mais eficientes, transparência e práticas de gestão robustas. Investidores e colaboradores comerciais valorizam altamente esses atributos, ampliando as possibilidades de crescimento no mercado. Isso serve, especialmente, considerando a finalização do ano e o outro que está por vir. Antes de buscar fórmulas mágicas ou ações simbólicas para garantir 365 dias de sucesso, é essencial fazer o dever de casa.