Da Redação
A Rússia está a um passo de alcançar um marco histórico: pela primeira vez, uma mulher pode se tornar capitã de um quebra-gelo nuclear. Segundo Tatyana Terentyeva, vice-diretora-geral de recursos humanos da Rosatom, 92 mulheres já trabalham na frota, incluindo duas oficiais sêniores em quebra-gelos nucleares.
Desde 2017, mulheres têm assumido cargos antes considerados exclusivamente masculinos na Atomflot, empresa da Rosatom que administra a frota de quebra-gelos nucleares. São engenheiras, especialistas em segurança nuclear, eletromecânicas e navegadoras.
Uma dessas mulheres é Marina Starovoytova. Até então professora de russo, ela iniciou sua carreira no mar em 2005, trocando as aulas de literatura por lições práticas sobre como navegar entre icebergs. Hoje, ela é a segunda oficial do quebra-gelo nuclear Yamal – segundo cargo abaixo do capitão. No navio, Marina coordena rotas, opera sistemas de reboque em áreas de gelo denso e mantém a segurança das operações em condições extremas.
“Reatores nucleares e quebra-gelos exigem atenção, habilidade e responsabilidade. Apesar dos desafios, é gratificante ver as mulheres ganhando espaço e mostrando que podemos liderar nessas áreas”, diz Starovoytova.
Marina trabalha em turnos de 12 horas. Segundo ela, sua maior dificuldade é a distância da família, especialmente do filho de 9 anos. Mesmo assim, ela destaca os aspectos únicos da vida em um quebra-gelo, como o acesso a academias, uma biblioteca extensa e até uma piscina com água aquecida retirada do mar.
“Todo marinheiro sonha em ser capitão um dia. Mas isso exige experiência e dedicação”, diz ao comentar a possibilidade de subir ao posto máximo.
Diversidade
A carreira de Marina é apenas um exemplo. Hoje, 32% dos funcionários da Rosatom são mulheres, número acima da média global de 26% na indústria nuclear. Elas estão representadas em cargos de liderança, projetos científicos e operações complexas.
Enquanto Marina avança no mar, outra história inspira a próxima geração: a de Aline Gorbunova, a primeira mulher na Rússia a operar um reator de pesquisa universitário. Aluna de mestrado na Universidade Politécnica de Tomsk, Aline recebeu uma licença especial para trabalhar no único reator universitário ativo do país.
Após um estágio de seis meses e nove exames rigorosos, ela assumiu a responsabilidade de operar o reator, realizando tarefas complexas como inicialização, controle de potência e supervisão de experimentos científicos. “Reatores nucleares exigem atenção aos detalhes, mas, ao contrário de dirigir um carro, tudo está sob seu controle”, diz Aline.
Seja no Ártico ou em laboratórios, as mulheres da Rosatom estão redefinindo o que significa liderar no setor nuclear. O progresso contínuo em diversidade e inclusão promete um futuro onde o talento, independentemente do gênero, determina quem está no comando.