Da Redação
O Brasil conquistou hoje o primeiro lugar inédito na final mundial do Global Hackatom 2025, realizada em Moscou. A vitória da equipe TupiTech, formada por estudantes do Instituto Militar de Engenharia (IME), foi anunciada durante a World Atomic Week (WAW), promovida pela Rosatom, gigante nuclear russa. O evento faz parte das comemorações dos 80 anos da indústria nuclear russa.
Foi a primeira vez que uma equipe brasileira participou da final. O desafio deste ano foi criar soluções para a exploração do espaço com tecnologias nucleares de nova geração.
A equipe vencedora, sob liderança de Larissa Oliveira de Sá, mestranda em engenharia nuclear, superou concorrentes de dez países em uma maratona tecnológica de 24 horas dedicada a soluções para os principais desafios da indústria nuclear. Também participam do grupo, sob mentoria da professora Inayá Corrêa Barbosa Lima, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Diógenes Kreusch Filho, Marcela Rabelo de Lima, Leonardo Zorte, e Adriel Faddul Stelzenberger, todos eles mestrandos.
“Fizemos o maior brainstorm de nossas vidas. Estamos exultantes com essa conquista para a gente e para o Brasil”, diz a líder Larissa. “O mais difícil nesse tipo de competição é a limitação de tempo. Mas conseguimos usar tecnologias muito bem consolidadas para propor algo disruptivo”, afirma Zortea.
Inteligência artificial
O projeto vencedor consiste em um hub modular voltado à exploração espacial, baseado em reatores nucleares de nova geração, capaz de produzir recursos essenciais – como água, oxigênio, hidrogênio e combustível – assegurando a sustentabilidade de missões de longa duração e possibilitando a expansão interplanetária.
Como desdobramento, o projeto contempla um pacote de preparação humana para ambientes extremos, combinando simulações realistas de falhas e emergências e monitoramento fisiológico, com apoio de inteligência artificial para decisões com precisão, resiliência e segurança operacional. A proposta se alinha às ODS 7, 9, 11 e 17, reforçando a integração entre energia limpa, infraestrutura inovadora, assentamentos sustentáveis e parcerias internacionais.
A etapa mundial do Global HackAtom contou com a participação de mais de 50 finalistas de dez países. Os critérios de avaliação incluíram originalidade, aplicabilidade, impacto e viabilidade de implementação. Além do hackathon, os estudantes participaram de palestras, visitas técnicas a universidades russas e atividades culturais promovidas pela organização.
A trajetória da equipe TupiTech até a final incluiu a conquista do primeiro lugar na fase regional, que aconteceu no Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, o que garantiu a seleção da equipe do IME para a etapa mundial em Moscou.
O Global HackAtom é uma competição internacional de 24 horas organizada pela Rosatom em parceria com universidades e centros de pesquisa. As equipes propõem soluções para desafios reais do setor nuclear, em áreas que incluem modelos digitais e inteligência artificial para segurança de reatores, gestão de resíduos, integração com fontes renováveis e comunicação científica.
Relevância para o Brasil
A conquista reforça o protagonismo brasileiro em inovação científica e tecnológica no setor nuclear, consolidando a reputação do IME como centro de excelência em engenharia. Para o país, trata-se de uma oportunidade estratégica de fortalecer a formação de especialistas, atrair investimentos em pesquisa e aumentar a presença em fóruns internacionais de energia nuclear.