Paulo Henrique das Flores Porto
O crescimento do universo digital trouxe melhorias, mas também novos desafios, principalmente na segurança financeira. Os golpistas estão se aproveitando dessa digitalização para inovar nas abordagens de golpes antigos, como o da falsa central telefônica. Agora, os bandidos contatam clientes por telefone utilizando gravações que simulam as Unidades de Respostas Audíveis (URAs) dos bancos.
O golpe funciona da seguinte forma: ao atender a ligação, a vítima é informada sobre uma suposta compra aprovada em um estabelecimento ou uma transação suspeita via Pix. Em seguida, a gravação apresenta duas opções: confirmar ou negar o reconhecimento da transação. Após fazer sua escolha, a vítima é direcionada para um falso atendente do banco.
O golpista, ao falar com o cliente, afirma que a transação está sendo analisada. Por isso, ela ainda não aparece no extrato bancário ou na fatura da vítima. De acordo com a Febraban (Federação Brasileira de Bancos), o golpista orienta o cliente a realizar algumas ações para “resolver” o problema. Essas ações incluem fazer uma transação para regularizar a situação, instalar aplicativos de acesso remoto e fornecer dados pessoais, como número da conta e senha.
Atenção
A Febraban alerta que os bancos podem contatar com os clientes para confirmar transações suspeitas, mas nunca solicitam senhas, dados pessoais, chaves de segurança, atualizações de sistemas, pagamentos ou estornos de transações nesses contatos. Se isso acontecer, a orientação é para não fornecer nenhuma dessas informações, encerrar imediatamente a chamada e, se houver dúvidas, contatar o banco através dos canais oficiais.
Segundo a Febraban, os golpistas não se limitam a ligações. Eles também usam SMS e e-mails para enganar os clientes. Nessa variação do golpe, os criminosos enviam mensagens de texto que solicitam que a vítima entre em contato com uma falsa central de atendimento ou clique em links fraudulentos. O objetivo é roubar dados pessoais e senhas.
Táticas
Outra tática utilizada é ligar para o cliente e afirmar que sua conta está sendo fraudada por um funcionário do banco. Os golpistas então instruem a vítima a transferir dinheiro para uma conta “segura” para resolver o problema. Na realidade, a vítima está enviando o dinheiro para a conta de um criminoso.
Além disso, os golpistas orientam o cliente a confirmar a transação com o banco, alegando que se trata de um investimento ou operação particular. Eles pedem confirmação de que a operação deve ser realizada. A Federação de Bancos alerta que qualquer um desses comportamentos é suspeito e indica um golpe.
A Febraban esclarece que os golpistas estão usando o nome da entidade para enganar as pessoas. A Febraban, que representa as instituições financeiras do país, não tem contato direto com clientes e não realiza procedimentos de segurança ou operações financeiras. Portanto, qualquer comunicação nesse sentido é uma fraude, alerta a entidade.
Para combater esses golpes, a Febraban e os bancos associados investem em campanhas de conscientização. Eles utilizam marketing em TVs, rádios e redes sociais. Além disso, mantêm uma comunicação antifraudes ativa em seu site.
Além das campanhas educativas, os bancos investem cerca de R$ 4 bilhões por ano em sistemas de tecnologia da informação voltados para segurança, o que representa cerca de 10% dos gastos totais do setor com TI. Esse investimento objetiva garantir a tranquilidade dos clientes em suas transações financeiras.
A Febraban também colabora com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), enviando uma lista de telefones utilizados nos golpes para que sejam bloqueados pelas empresas de telecomunicações. Além disso, os bancos colaboram com as forças policiais para identificar e punir os criminosos virtuais.