Da Redação
A violência contra a comunidade LGBTQIA+ não se limita às páginas policiais – segundo o Dossiê do Observatório de Mortes e Violências contra LGBTI+, foram 273 mortes dessas pessoas de forma violenta no Brasil, em 2022. Ela pode acontecer também no ambiente corporativo, na forma de preconceito e exclusão.
Mas hoje, setores do mercado como consultoria, gestão e serviços, tecnologia e financeiro se mostram ambientes mais seguros para essas pessoas, conforme o levantamento do Human Rights Campaign Foundation e do Instituto Mais Diversidade. Foram ouvidas 91 empresas, e 57 companhias figuraram como as melhores empresas para pessoas LGBTI+ trabalharem em 2023.
Mas como essas empresas conseguem alcançar a diversidade de fato e apresentam melhores resultados na comparação com outros segmentos?
Uma das primeiras condutas parte do processo seletivo, segundo Cammila Yochabell, fundadora e CEO da Jobecam, startup especializada em diversidade e inclusão . Para o +QD, ela destaca as três principais atitudes que contribuem para seleções menos preconceituosas e mais inclusivas.
1. Tenha uma política de diversidade
Um processo seletivo exige uma série de detalhes, e as condutas internas da empresa chamam cada vez mais a atenção dos candidatos. Estabeleça uma política de preservação da diversidade. Essa política conduzirá os processos seletivos, ampliando-os para que todos possam participar, independentemente de cor, gênero, condição social e econômica, idade, número de filhos, entre outras temas limitantes, que atuam contra a diversidade no ambiente organizacional.
Informe ao talento essas práticas. É importante também que a comunicação da empresa reflita essa diversidade, no site e nas redes sociais, por exemplo.
2. Descreva a vaga com cuidado
O anúncio sobre a vaga vai muito além de frases chamativas, motivacionais e descrições de benefícios da empresa. Seja claro, direto e tenha um texto mais genérico. Dessa forma, você evita sexismos e tantos outros comportamentos excludentes.
Não restrinja a vaga por idade, sexo, estado civil e localização de moradia, pois pode limitar o alcance da proposta e fazer com que ela só chame a atenção de um público em específico. Quem perde com isso é a empresa, que terá menos candidaturas, menos diversidade na empresa e ficará marcada como sendo uma organização preconceituosa e elitista, muitas vezes.
3. Aplique entrevistas anônimas
Para minimizar os vieses inconscientes (percepções prévias e estereótipos em relação às pessoas candidatas por questões de raça, cor, etnia, orientação sexual etc), opte por uma seleção anônima. Nela, seja na aplicação de ferramentas como currículos e entrevistas anônimas (ao vivo ou gravadas), você consegue distorcer a voz da pessoa candidata.
O rosto pode ser substituído por fotos de avatares aleatórios, referenciando a diversidade como raça, gênero, estereótipos físicos marginalizados pela sociedade, e o nome é trocado por cidades ou países famosos. Assim o gestor não consegue identificar gênero, cor, raça e etnia. O processo por meio dessa metodologia evidencia e prioriza as competências e habilidades profissionais.