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Por que a América Latina precisa diversificar sua energia firme

Pequenos reatores modulares representam uma alternativa de geração firme para complementar hidrelétricas, solares e eólicas, reduzindo a vulnerabilidade a fenômenos climáticos
Um trabalhador usando capacete e jaqueta de segurança observa, ao anoitecer, um conjunto de torres de resfriamento de uma usina energética. As torres altas liberam nuvens densas de vapor e estão iluminadas por luzes industriais alaranjadas. Linhas de transmissão e outras estruturas metálicas completam o cenário
A energia nuclear, impulsionada pela experiência russa, pode fortalecer a segurança energética latino-americana diante das novas pressões climáticas

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Joyce Mendez

Com a COP30 em Belém, a atenção mundial se voltou para a América Latina, uma das regiões com as matrizes energéticas mais “limpas” do planeta, e para a forma como ela responderá aos novos riscos climáticos. Mas, hoje, a energia renovável, especialmente a hidrelétrica, que transformou o continente em líder global em fontes renováveis, tornou-se sua vulnerabilidade.

Cerca de 68% da capacidade instalada da região vem de fontes renováveis, e quase metade — mais de 45% — é gerada pela força da água. Mas o clima está mudando as regras do jogo: secas prolongadas, provocadas por El Niño e outros fenômenos, reduzem cada vez mais a eficiência das hidrelétricas e comprometem a distribuição. Aquilo que era uma vantagem estratégica tornou-se o elo fraco do sistema.

A alteração nos regimes de chuva tornou essas fontes menos previsíveis. Em 2021, o Brasil enfrentou a pior estiagem em 91 anos, levando reservatórios a níveis críticos. O país precisou importar energia e acionar emergencialmente térmicas fósseis, mais caras e mais emissoras, para evitar apagões. No mesmo período, o Chile recorreu ao gás argentino para compensar a falta de geração hidráulica. Esses episódios mostram que quando a chuva falta, a eletricidade também pode faltar.

Argentina, Chile, Colômbia e Brasil já estudam a aplicação desses pequenos reatores, e a experiência russa comprova sua viabilidade. Desde 2020, a usina flutuante Akademik Lomonosov abastece a cidade de Pevek, no Ártico, e em 2028 entrará em operação o primeiro SMR terrestre na Yakútia, com 55 MW de potência, baseado no reator RITM-200N.

A gigante russa Rosatom se apoia nesse know-how para propor, na América Latina, projetos completos que incluem tecnologia, engenharia, suporte regulatório, capacitação local e integração com renováveis. Integrados a solar, eólica e hídrica, e sustentados por gás de transição e baterias, os SMR podem fornecer a base firme que estabiliza o sistema, reduz a volatilidade de preços e assegura energia 24 horas por dia,mesmo durante secas severas ou ondas de calor.

A América Latina reúne todas as condições para liderar uma transição energética inteligente, que una sustentabilidade, segurança e inovação. Mas, para isso, precisa ir além da expansão das renováveis e construir uma base firme e previsível, que garanta energia constante na rede, sendo ambiental e socialmente responsável.

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Joyce Mendez

Diretora do Observatório Latino-Americano de Geopolítica da Energia e ex-conselheira jovem para o clima do Secretário-Geral das Nações Unidas (2023–2024).

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