Cristiano Zanetta
No mundo dos negócios, adaptação, evolução e reinvenção deixaram de ser qualidades desejáveis para se tornarem pré-requisitos indispensáveis à sobrevivência e ao sucesso. Com mercados em constante transformação e mudanças ocorrendo em ritmos cada vez mais acelerados, insistir em estratégias ultrapassadas é o mesmo que atirar no escuro — sem direção e sem propósito.
Mais do que acompanhar tendências, é essencial questionar constantemente a relevância de práticas e modelos atuais, ajustando o rumo antes que o mercado imponha a mudança — porque, no jogo dos negócios, sobreviver já não é o bastante; é preciso prosperar em meio à complexidade.
Ao longo da história vimos empresas redefinirem suas trajetórias, superando crises e reescrevendo suas narrativas. A Microsoft, por exemplo, estava estagnada antes da chegada de Satya Nadella ao comando. O que mudou? Ele implantou uma cultura de aprendizado contínuo, colocando inovação no centro da estratégia da empresa. A aposta em computação em nuvem e inteligência artificial transformou a gigante da tecnologia, tornando-a novamente uma das empresas mais valiosas do mundo.
Mudar exige coragem, mas também clareza de propósito. Grandes transformações, como a da Microsoft, mostram que inovação não é apenas uma resposta a crises, mas uma forma de se antecipar a elas. E não existe um manual universal de soluções; o sucesso está em criar abordagens personalizadas, cuidadosamente alinhadas às particularidades de cada contexto e às dinâmicas em constante evolução do mercado.
A Netflix redefiniu o entretenimento ao se antecipar às mudanças no comportamento do consumidor. No início, sua ousadia foi abandonar os DVDs para abraçar o streaming. Mais tarde, quando o mercado saturou, ela ousou novamente: criou conteúdo original, como House of Cards e Stranger Things, e agora explora transmissões ao vivo e eventos interativos.
Empresas visionárias entendem que agir proativamente, antecipando-se aos problemas, só é possível com clareza de objetivos e uma compreensão aprofundada do comportamento de consumo, bem como das mudanças significativas que podem ocorrer tanto no curto quanto no longo prazo, utilizando propósito e inovação como bússolas estratégicas para orientar suas ações.
A Jaguar e seu rebranding – necessário ou não?
Nos últimos dias, o novo posicionamento da Jaguar tem gerado debates intensos. A marca, famosa por seus designs clássicos, agora está se reinventando para atender às expectativas de um consumidor contemporâneo. O lançamento de seu modelo totalmente elétrico, que ocorre no dia 2 de dezembro durante a Miami Art Week, simboliza essa transformação.
O dilema da Jaguar é equilibrar quase um século de legado com a necessidade de inovação. Esse movimento nos lembra a Harley-Davidson, que enfrentou desafios ao lançar uma moto esportiva em parceria com a Porsche. O objetivo era atrair novos públicos sem alienar os fiéis. Apesar do motor exclusivo e da engenharia sofisticada, o modelo não conectou totalmente nem com o público tradicional nem com os novos consumidores.
A pergunta que fica é: preservar o passado é mais importante do que conquistar um lugar no futuro? Talvez a resposta esteja em combinar valores com novas narrativas, provando que a inovação pode caminhar ao lado da essência. Ou, quem sabe, a Jaguar esteja planejando algo muito maior, ainda fora do nosso entendimento.
A transformação não é um território exclusivo de grandes empresas; é uma necessidade para qualquer organização que busca se destacar em tempos de mudança. Mais do que sobreviver, é sobre construir relevância. E mais do que inovar, é agir com propósito. No fim, o diferencial está na capacidade de enxergar e agir antes que a mudança se torne uma imposição.