Priscila Pinheiro
O início da carreira na área do direito é um momento desafiador. Primeiro, há a busca por oportunidades que ofereçam experiência prática. Além disso, é importante construir um bom networking. O aprendizado contínuo também é fundamental. Por fim, a geração de renda se torna uma prioridade. Como todas as outras áreas, encontrar uma “vaga ideal” quase sempre não é uma tarefa fácil. Contratantes podem solicitar um nível de experiência acima do habitual para profissionais que estão começando a trajetória no mercado – o que prejudica o processo empregatício.
O 1º Estudo Demográfico da Advocacia Brasileira afirmou que 4% dos inscritos na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão desempregados. A porcentagem parece baixa, mas, analisando a quantidade total de profissionais inscritos na Ordem (1,37 milhão), representa quase 55 mil pessoas.
A correspondência jurídica
Nesse contexto, a correspondência jurídica se destaca como uma alternativa valiosa, proporcionando diversos benefícios aos advogados em início de carreira. Atuando como correspondente jurídico, o profissional tem a oportunidade de ganhar experiência prática ao realizar tarefas essenciais no processo, como participar de audiências, protocolar petições e realizar diligências em tribunais. Essa vivência complementa o conhecimento teórico adquirido na faculdade, familiarizando o advogado com os trâmites processuais, o ambiente forense e as dinâmicas de atuação.
Além da prática, a correspondência jurídica oferece uma oportunidade de expandir a rede de contatos. O networking, essencial no desenvolvimento de carreira, se fortalece com a interação constante com advogados, escritórios e outros profissionais da área. Essas conexões podem abrir portas para parcerias futuras, indicações de clientes, convites para integrar escritórios ou até mesmo oportunidades de emprego fixo. Ao mesmo tempo, o contato com diversos profissionais enriquece o aprendizado e a troca de experiências.
Diversidade
A diversidade da atuação também é algo relevante. O direito é um nicho extenso, com diversas especialidades, e atuar como correspondente permite que o profissional se envolva em demandas variadas, como direito cível, penal, trabalhista e tributário. Essa amplitude de experiências é valiosa em um cenário de alta competitividade, pois amplia o repertório do advogado iniciante e permite que ele explore diferentes campos antes de definir uma especialidade de preferência.
A correspondência jurídica contribui, inclusive, para o desenvolvimento de habilidades organizacionais, já que exige um alto nível de responsabilidade na gestão de prazos, documentos e diligências. O exercício prático dessas habilidades torna o profissional mais preparado para o ambiente jurídico. Ainda, a flexibilidade da atuação abre margens para a conciliação com outras atividades, como estudos para concursos ou a preparação para o Exame da OAB.
Com o correspondente podendo atuar em diferentes regiões, o alcance geográfico é ampliado e, especialmente para áreas que envolvem jurisdições distintas, como direito de família ou empresarial, isso pode ser valioso para garantir a efetividade dos processos. O advogado ganha prática e, de quebra, fortalece o próprio nome no mercado.
Nem só as modalidades de emprego tradicionais importam, muito pelo contrário. Encontrar uma primeira oportunidade pode exigir que o profissional se reinvente, mas a boa notícia é que a área de direito pode contar com a correspondência jurídica como um caminho efetivo para se manter ativo e impulsionar a carreira dos profissionais.