Renata Martins Belmonte
A prevenção de litígios é cada vez mais relevante, especialmente considerando a alta taxa de judicialização no Brasil. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o país tem 14,68 processos para cada cem habitantes. Em comparação, na Europa, esse número é de 3,58 processos a cada cem habitantes. A diferença salta aos olhos e tem impactos relevantes em diversos setores da economia do nosso país.
É urgente compreendermos as causas por trás desse alto índice de judicialização que, em grande parte, decorrem de relações de consumo. Em 2022, por exemplo, das 5,8 milhões de ações ajuizadas, 1,2 milhões de ações versavam sobre relação de consumo, índice de 21%.
É evidente a necessidade de adotar uma abordagem preventiva, estratégica e assertiva. Isso ajuda a evitar litígios desnecessários e, consequentemente, reduz os custos para as empresas.
Um dos principais fatores que contribuem para a alta taxa de judicialização no Brasil é a questão cultural. Muitas vezes, há uma predisposição a resolver conflitos por meio do Judiciário. No entanto, é preciso reconhecer que a advocacia extrajudicial desponta como uma alternativa promissora e eficaz para mitigar essa tendência.
Como evitar
Para evitar a judicialização e seus custos, as empresas têm investido cada vez mais na advocacia extrajudicial, vista como a advocacia do futuro. A contratação de bancas especializadas se tornou uma prática comum. O objetivo é orientar e educar os consumidores, além de promover a resolução amigável de conflitos.
As empresas têm entendido que o atendimento especializado dos consumidores é o ponto crucial para diminuir a judicialização. Por conta disso, investem na capacitação do atendimento ao cliente (SAC), alinhando o conhecimento da legislação consumerista com uma abordagem humana, empática e esclarecedora. Isso fortalece o relacionamento com os consumidores e reduz a probabilidade de litígios. Além disso, oferece soluções assertivas e educativas fora do âmbito judicial.
O tempo é outro fator crucial. O judiciário, a depender de onde tramita o processo, vai levar meses até que se chegue a uma conclusão. Já na via extrajudicial, o tempo é amigo do consumidor, pois os prazos para resposta são muito mais rápidos. Assim, é essencial para as empresas se atentarem ao tempo de respostas dos seus consumidores para que haja efetividade na resolução dos problemas.
Causa do problema
Um bom atendimento, feito dentro de um curto prazo, é capaz de persuadir os consumidores a optarem pela via extrajudicial, onde encontram soluções rápidas e eficientes para suas demandas. Essa consciência coorporativa vem sendo cada vez mais visada pelas empresas, que têm investido numa advocacia preventiva e numa atuação assertiva e ágil na resolução dos problemas consumeristas, de forma a evitar uma disputa judicial.
Investir na causa raiz do problema e oferecer um atendimento preciso e eficaz ajuda a manter uma boa relação com os consumidores. Assim, a empresa evita custos desnecessários e evitáveis.
É evidente que um bom atendimento, feito de forma ágil, é capaz de persuadir os consumidores a optarem pela via extrajudicial, onde podem encontrar resoluções mais rápidas e eficientes para suas demandas.
Ao promover uma cultura da prevenção de litígios e investir na advocacia do futuro, as empresas não apenas reduzem seus custos com a judicialização, mas também contribuem para a eficiência e celeridade do sistema jurídico como um todo, consequentemente reduzido seus custos e fomentando seus negócios.