Controladoria jurídica ganha papel estratégico nos escritórios

Thaynara Andretta

A advocacia vive um momento de profunda transformação. A evolução tecnológica trouxe novas exigências ao setor jurídico. Ao mesmo tempo, há uma cobrança cada vez maior por resultados mais eficientes. Além disso, os processos se tornaram mais complexos. Diante desse cenário, os escritórios de advocacia precisam ir além do conhecimento jurídico. Hoje, também são indispensáveis gestão, estratégia e inovação. Nesse cenário, a controladoria jurídica se destaca como um pilar fundamental para garantir eficiência operacional, qualidade técnica e competitividade. Aliada à automatização, à robotização e à jurimetria, essa área vem assumindo um papel estratégico dentro dos escritórios modernos.

O que é

A controladoria jurídica pode ser definida como o setor responsável pela gestão operacional do escritório. Atua como elo entre a área jurídica e a administrativa. Diferente da atuação técnica, seu foco não está na produção jurídica. Em vez disso, prioriza a organização, a padronização e o controle de processos. Com isso, contribui para o bom funcionamento das rotinas internas.

Entre as atribuições da controladoria estão o controle de prazos, a alimentação de sistemas processuais e a padronização de peças. Também realiza a conferência de documentos, oferece suporte aos advogados e gerencia indicadores. Ao assumir essas tarefas, o setor libera os profissionais da área técnica para focarem no conteúdo jurídico e na estratégia processual. Como resultado, há ganho de produtividade e redução de erros operacionais.

Para os gestores, a implementação de uma controladoria bem estruturada significa profissionalizar a operação do escritório, garantindo consistência, previsibilidade e escalabilidade.

Estrutura

A controladoria jurídica pode variar de tamanho, dependendo da estrutura e do porte do escritório. Apesar disso, sua base organizacional costuma manter um padrão. Em geral, é formada por dois pilares: a operação e a supervisão estratégica.

O supervisor estratégico é o profissional responsável por liderar o setor. A controladoria jurídica atua diretamente no planejamento, coordenação e monitoramento das rotinas internas. Além disso, contribui para a definição de indicadores de desempenho. Também se relaciona com outras áreas do escritório. Para isso, é essencial ter uma visão ampla de processos e domínio de tecnologia jurídica.

Por sua vez, a parte operacional envolve o controller jurídico, analistas e assistentes de controladoria. Esses profissionais devem ter perfil analítico, criterioso e foco em execução. São responsáveis pelas rotinas práticas de cada função. Entre as atividades estão o cadastramento de processos, a atualização de sistemas e o lançamento e controle de prazos. Também realizam a conferência de documentos, a padronização de peças e a confecção de guias. Além disso, cuidam do protocolo de petições, da contratação e controle de audiências e da alimentação de relatórios. Por fim, prestam apoio administrativo aos advogados.

A integração com setores como jurídico, financeiro e TI é fundamental. Essa conexão garante fluidez e eficiência na operação. Além disso, favorece a tomada de decisões estratégicas.

O sucesso desse setor está diretamente ligado à liderança da gestão. Cabe a ela promover uma cultura voltada para a eficiência. Além disso, deve implementar tecnologias, capacitar a equipe e assegurar o cumprimento dos padrões de qualidade definidos pelo escritório.

Inovação

O uso de ferramentas tecnológicas também é decisivo para o êxito da controladoria jurídica. Softwares especializados permitem automatizar tarefas repetitivas, o que aumenta a eficiência. Entre essas tarefas estão a geração de documentos com base em modelos e o envio de alertas automáticos sobre prazos. Além disso, essas ferramentas auxiliam na distribuição de demandas entre os membros da equipe. Também facilitam a integração com tribunais eletrônicos.

Além disso, a robotização de processos jurídicos — por meio de sistemas que executam tarefas programadas com mínima intervenção humana — vem ganhando espaço. Robôs processuais já são capazes de acompanhar andamentos, cadastrar informações em sistemas internos e até iniciar a confecção de peças simples.

Essas tecnologias reduzem significativamente a possibilidade de falhas humanas e liberam a equipe para funções de maior valor agregado, ao mesmo tempo em que promovem agilidade, padronização e controle.

Jurimetria

Outra ferramenta estratégica é a jurimetria, que consiste na aplicação de métodos estatísticos e análise de dados no contexto jurídico. Com ela, é possível identificar padrões de decisões judiciais, tempos médios de tramitação, comportamento de juízes, entre outras informações que auxiliam na tomada de decisões baseadas em dados.

Para o escritório, a jurimetria oferece uma nova perspectiva sobre o seu desempenho, pois é possível avaliar a taxa de êxito por tipo de ação, por cliente ou por tribunal, além de antecipar riscos e traçar estratégias processuais mais assertivas. Isso transforma a atuação jurídica em uma atividade mais analítica, mensurável e previsível — um diferencial competitivo considerável no mercado.

Concluímos que a controladoria jurídica não é apenas uma área de suporte: trata-se de um setor extremamente essencial dentro do escritório, contribuindo para a eficiência e redução de retrabalho, padronização e melhoria na qualidade das entregas, controle rigoroso de prazos, maior segurança jurídica e entregas mais organizadas.

Além disso, a controladoria oferece dados valiosos para que os gestores possam tomar decisões estratégicas com base em indicadores reais, promovendo a melhora da performance nos resultados dentro do escritório, capaz de impulsionar o desempenho, aumentar a satisfação dos clientes e garantir um posicionamento sólido em um mercado que está em constante evolução.