Mais mulheres no mercado poderiam aumentar o PIB em até 20%

CEO da Newa diz que implementação de leis favoráveis às mulheres têm impacto direto no mercado e economia
Igualdade de gênero no ambiente de trabalho é crucial para sociedade no geral - Freepik

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Da Redação

Ao longo do último ano, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 2,5%, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Nos primeiros três meses de 2024, o crescimento foi de 0,8%, quando comparado com outubro, novembro e dezembro de 2023. De acordo com um estudo do Banco Mundial, se as mulheres tivessem as mesmas condições que os homens para trabalhar, o PIB aumentaria em mais de 20% em todo o mundo

Por que isso importa?

A igualdade de gênero no ambiente de trabalho é essencial devido às suas profundas implicações econômicas e sociais. Economicamente, estudos do Banco Mundial indicam que a equiparação das condições de trabalho entre homens e mulheres poderia aumentar o PIB global em mais de 20%, beneficiando toda a sociedade. Socialmente, garantir a plena participação das mulheres na força de trabalho melhora sua autonomia, segurança e bem-estar geral, além de potencializar suas contribuições econômicas.

Disparidade global

Apesar dos avanços promissores, a igualdade no ambiente de trabalho ainda é uma meta distante. Relatório do Banco Mundial revela maior disparidade global de gênero no mercado corporativo. Nesta edição, foram incluídos dois indicadores cruciais que são grandes obstáculos para o avanço das mulheres profissionalmente: violência e serviço de cuidado com as crianças.

Mulheres têm apenas 64% dos direitos legais dos homens, segundo diferenças jurídicas. Além da falta de leis adequadas, a implementação delas é outro grande problema. Em média, os países estabelecem menos de 40% dos sistemas necessários para que essas leis sejam efetivamente aplicadas. 

Para quem esse assunto interessa?

A igualdade de gênero no ambiente de trabalho é crucial para o governo, políticos, gestores, donos de empresas e a sociedade em geral. Para o governo e políticos, a promoção de políticas de igualdade de gênero pode resultar em um significativo crescimento econômico. Gestores e donos de empresas se beneficiam com maior produtividade, inovação e retenção de talentos, além de um desempenho financeiro superior. Para a sociedade, a igualdade melhora a autonomia, segurança e bem-estar das mulheres, potencializando suas contribuições econômicas.

Segurança feminina

Quando o assunto é segurança das mulheres, meramente um terço das proteções legais contra violência doméstica e assédio sexual está em vigor no Brasil. No ambiente corporativo, a Lei nº 14.457/2022, que instituiu o Programa Mais Mulheres, torna obrigatórios os treinamentos sobre assédio sexual. 

Segundo Carine Roos, mestre em gênero e CEO da Newa, a realização dessas capacitações é um passo crucial para criar um ambiente de trabalho mais seguro e igualitário. No entanto, é fundamental que elas sejam contínuas. 

Já no serviço de cuidado de crianças, a especialista indica que a inclusão de benefícios como creches, auxílio-maternidade e horários flexíveis aumenta a participação feminina no mercado de trabalho. Porém, apenas 78 países fornecem algum tipo de apoio financeiro ou fiscal aos pais com filhos pequenos. 

Para Roos, criar um espaço que valorize o equilíbrio em relação a vida pessoal e as ocupações laborais também é um papel das corporações. Assim como oferecer suporte emocional, físico e mental para as mulheres. 

“As companhias têm a possibilidade de estender e equiparar o tempo de licença parental que, não somente beneficia o ambiente corporativo, já que reduz o absenteísmo, mas, similarmente, contribui no desenvolvimento saudável de seus filhos e da sociedade”, declara Carine.

Assim, para a especialista, é urgente que governos e organizações acelerem esforços para criar políticas e programas que promovam a igualdade de gênero no mercado. Já que atualmente apenas metade das mulheres participam da força de trabalho global, comparado a quase três em cada quatro homens. 

“Muitas das organizações não fazem distinção entre cuidadores primários e secundários ou fornecem tempo e remuneração equivalentes para mães e pais. Como pretendem essas organizações contribuírem com uma economia inclusiva, equitativa e regenerativa, excluindo mulheres e perpetuando desigualdades?”, diz a CEO.

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