Da Redação
Há 65 anos, o mundo testemunhava o lançamento do Lenin, o primeiro quebra-gelo nuclear do mundo. Equipado com tecnologia de ponta para a época, o navio inaugurou uma nova era na exploração marítima ao superar as condições extremas do Ártico e abrir rotas estratégicas para o transporte de mercadorias e a exploração de recursos naturais.
Lançado em 1959, o Lenin marcou história ao utilizar energia nuclear para navegar por mares congelados, rompendo camadas espessas de gelo. Durante sua operação, ele guiou milhares de embarcações e percorreu mais de 650 mil milhas náuticas. Podia operar por mais de quatro meses sem reabastecer.
Hoje, o Lenin é um museu atracado em Murmansk, no norte da Rússia, onde visitantes podem explorar sua sala de controle de reatores nucleares e os compartimentos da tripulação, preservados com o design da era soviética.
Os gigantes do Projeto 22220
Desde então, os quebra-gelos nucleares evoluíram significativamente. Navios modernos como o Arktika, Sibir e Ural, parte do Projeto 22220, na Rússia, operam com os avançados reatores RITM-200, que permitem autonomia de até sete anos sem reabastecimento e a capacidade de romper camadas de gelo de até 3 metros de espessura. Essas embarcações desempenham um papel crucial no desenvolvimento da Rota do Mar do Norte, uma alternativa estratégica ao Canal de Suez.
Toda a frota russa, a maior do mundo, é operada pela Rosatomflot, subsidiária da gigante estatal russa Rosatom, líder mundial no desenvolvimento de tecnologias nucleares. A Rosatom não apenas gerencia a frota de quebra-gelos, mas também desenvolve soluções inovadoras para o setor nuclear em áreas como energia, medicina e indústria.
No mês de novembro, a Rússia lançou o mais recente membro da frota do Projeto 22220, o quebra-gelo Yakutia, nomeado em homenagem à cidade no norte da Rússia, considerada a mais fria do mundo.
Equipado com um reator RITM-200, o Yakutia é projetado para operar em condições extremas do Ártico, reforçando a liderança russa na exploração polar. Comissionado para entrar em operação nos próximos anos, o navio vai desempenhar um papel essencial no fortalecimento das rotas comerciais e no transporte de recursos naturais.
Usinas flutuantes
Além de sua contribuição para a navegabilidade no Ártico, os quebra-gelos nucleares pavimentaram o caminho para outras inovações, como as usinas nucleares flutuantes, que fornecem energia limpa e segura em regiões remotas. Exemplos incluem a Akademik Lomonosov, atualmente em operação na Rússia, que fornece energia para cidades e instalações industriais no extremo norte do país.
Essas tecnologias também desempenham um papel vital na redução de emissões de carbono, alinhando-se aos esforços globais para combater as mudanças climáticas.
Vida a bordo
A rotina em um quebra-gelo nuclear é intensa. Tripulantes enfrentam turnos rigorosos, longos períodos de isolamento e as condições extremas do Ártico, onde o sol pode nunca nascer ou nunca se pôr, dependendo da estação. Por outro lado, essas embarcações modernas são projetadas para oferecer conforto e segurança, com áreas de convivência e infraestrutura avançada.