Futebol brasileiro caminha entre gols e apostas

Apostas esportivas precisam ser regulamentadas para que o futebol respire
Empresas de aposta patrocinam 12 dos 20 times da elite do futebol brasileiro - Dreamstime

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Renato Cirne

O futebol brasileiro, já rico em história e paixão, agora encontra-se em uma nova era marcada pelo influxo de patrocínios de casas de apostas. Este fenômeno, intensificado pela Lei nº 14.790/2023 e pelas regulamentações recém-publicadas do Conar – que normatizaram as regras para a publicidade de apostas –, pode redefinir o cenário financeiro e ético do esporte no país.

Nas arquibancadas e fora delas, o impacto é tangível. Com 12 dos 20 times da elite do futebol brasileiro – incluindo gigantes como o Corinthians com seu acordo de R$ 370 milhões – patrocinados por essas empresas, os clubes encontram um alívio financeiro significativo.

Esse apoio se mostra vital, especialmente em tempos de incertezas econômicas, oferecendo uma nova fonte de receita para as equipes.

Regulamentação

No entanto, esse influxo de capital vem acompanhado de importantes considerações éticas e sociais.

A regulamentação do Conar, que entra em vigor a partir deste mês, tenta equilibrar os benefícios econômicos com a responsabilidade social.

As regras exigem que a publicidade seja socialmente responsável, proíbem promessas de ganhos certos ou altos, e impõem restrições de idade. Também inclui mensagens de advertência sobre os riscos do jogo.

Essas mudanças refletem uma crescente preocupação com o impacto das apostas na sociedade. O vício em jogos é uma realidade que não pode ser ignorada, e as campanhas publicitárias têm o poder de influenciar a percepção pública sobre as apostas.

A responsabilidade, portanto, recai não apenas sobre os anunciantes, mas também sobre os clubes e atletas que representam essas marcas.

O papel das redes sociais

O poder da mídia e dos influenciadores digitais neste contexto é inegável. Eles desempenham um papel crucial na formação da opinião pública e, por isso, devem estar atentos às implicações legais e éticas de suas ações.

A mensagem é clara: a promoção de apostas deve ocorrer de maneira consciente e responsável.

Olhando para o futuro, as tendências indicam uma maior regulamentação e conscientização sobre os impactos sociais dos patrocínios de apostas. A tecnologia, que tem um papel cada vez mais central nas apostas esportivas, também será um fator determinante na evolução deste cenário.

Desafios

O desafio iminente para o futebol brasileiro, frente a esse novo cenário de patrocínios de apostas, é estabelecer um equilíbrio prudente. A responsabilidade recai não somente sobre os patrocinadores e anunciantes, mas também sobre os clubes e atletas, que devem zelar por uma postura ética em meio às novas oportunidades financeiras.

O futuro do esporte no Brasil, agora entrelaçado com o mundo das apostas, dependerá de uma gestão atenta às questões éticas e sociais, mantendo a integridade e os valores do futebol em meio a essas transformações.

Renato Cirne

Sócio do Renato Cirne Advogados, é conselheiro de Conformidade na ACRJ e sócio do +QD. Possui certificado de Conformidade da KPMG e CISI e ISO 37001. Também é mestre em Propriedade Intelectual e Inovação no INPI / UFRJ.

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