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A Culpa é sua: a arte de não terceirizar o próprio fracasso 

Num mundo cada vez mais apaixonado por desculpas criativas, assumir responsabilidade pelas suas ações virou quase um ato de rebeldia
A culpa é sua
Não se trata de se fugir nem chicotear emocionalmente pelos erros do passado. Trata-se de entender que, se você é parte do problema, também pode ser parte (ou toda) a solução

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Sadik Sarkis

Tem gente que passa a vida inteira esperando um sinal do universo. Outros, esperam o chefe reconhecer. Alguns, esperam o amor certo, a sociedade justa, o tempo melhorar. E há os que não esperam, mas arregaçam as mangas, reconhecem onde erraram, tomam as rédeas e seguem. Esses praticam um negócio raro e revolucionário chamado de “assumir a responsabilidade”.

Num mundo cada vez mais apaixonado por desculpas criativas, assumir responsabilidade pelas suas ações virou quase um ato de rebeldia. Mas é justamente esse gesto de olhar para dentro, em vez de apontar o dedo para fora, que nos faz evoluir como pessoa e como líderes. É porque decidimos parar de terceirizar a própria vida fugindo das nossas responsabilidades e colocando a culpa em qualquer outra coisa, menos no verdadeiro culpado: Você.

Pensar bem antes de defender o seu ego

Pensar antes de reagir é uma das maiores demonstrações de controle de sua vida. Pensar bem dá trabalho. Exige que você questione certezas antigas, duvide do que sempre acreditou e, de vez em quando, descubra que estava errado. Só que essa dorzinha no ego é o preço da clareza dos seus atos.

E clareza dos atos, meu amigo, é poder.

Pessoas que assumem responsabilidades são aquelas que olham para as próprias decisões com o mesmo olhar crítico que usam para avaliar os outros. Sabem que ninguém virá salvá-las da má escolha que fizeram ontem, mas também sabem que amanhã será diferente se fizerem escolhas melhores hoje. E isso muda tudo.

Não é sobre culpa. É sobre controle.

Tem uma confusão comum por aí. Tem gente achando que assumir responsabilidades quando algo dá errado é sinônimo de autopunição. Ainda, a tentativa de proteger a nossa imagem com desculpas nos impede de prosseguir. Não se trata de se fugir nem chicotear emocionalmente pelos erros do passado. Trata-se de entender que, se você é parte do problema, também pode ser parte (ou toda) a solução.

É como olhar para um campo que você mesmo plantou esperando flores. Se nasceu mato, não adianta culpar a chuva, o vizinho ou o clima do planeta. A boa notícia? Você pode replantar. E dessa vez, reconhecendo onde errou, atuará com mais critério. Mais consciência. Mais intenção.

A diferença entre reagir e responder

A vida nos dá estímulos o tempo todo. Um atraso, uma crítica, um “não” inesperado. A maioria reage no piloto automático, ou seja, com raiva, com drama, com julgamento. Mas aquele que pensa antes de responder não responde no impulso. Ele escolhe a resposta, pois reclamar em nada ajuda para mudar a situação.

Essa pausa estratégica entre o que acontece e o que fazemos é onde mora o caminho para evoluirmos como pessoa e líderes. É também a chance de construir uma vida mais leve, mais justa e, claro, mais eficaz.

Troque o espelho retrovisor pela janela da frente

Tem gente que vive revendo a mesma cena, com o mesmo roteiro: “se não fosse por fulano…”, “se eu tivesse tido mais apoio…”, “se eu tivesse nascido em outra época…”. O problema do espelho retrovisor é que ele mostra só o que já passou. Assumir responsabilidade convida você a olhar pela janela da frente. É ela que mostra onde ainda dá para ir.

E acredite: sempre dá para ir mais longe.

A grande virada

Tudo muda quando você para de pensar como vítima das circunstâncias e começa a agir como protagonista das próprias decisões. Não é mágica. É prática. É construção. É revisão contínua. Exige disciplina, honestidade interna e, muitas vezes, silêncio, porque o barulho das desculpas pode ser sedutor.

Mas também exige uma pitada de otimismo. Porque no fim das contas, a autorresponsabilidade é uma declaração de fé: fé de que você pode aprender. Pode melhorar. Pode recomeçar.

Concluindo com coragem

Sim, é pesado carregar o próprio destino nas costas, mas é infinitamente mais leve do que viver culpando o mundo por tudo que não deu certo. Porque, no fim, a verdade é simples, ninguém vai viver a sua vida por você. Nem sofrer por você. Muito menos construir por você.

E a vida, a sua, a minha, a de todo mundo, começa a mudar no exato momento em que a gente para de agir por impulso, para de se explicar, e dar desculpa para proteger o seu ego culpando os outros.

Assumir a responsabilidade pelos seus atos e pensar antes de agir é viver com consciência. É saber que a vida não é o que fazem com a gente, mas sim, é o que a gente faz com o que acontece. É perceber que não há manual, mas há bússola.

E ela está dentro de VOCÊ.

Foto de Sadik Sarkis

Sadik Sarkis

Executivo jurídico e de Compliance com mais de 20 anos na área de gestão e liderança corporativa. Associado com formação de Conselheiro Independente e integrante da Comissão Jurídica do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC). Membro de Conselho Fiscal e Membro de Conselho Consultivo de instituições do terceiro setor. Membro da Comissão Especial de Compliance da OAB/SP e Membro do Comitê de Cultura de Integridade da Rede Brasil do Pacto Global da ONU. Certificação em Educação Executiva em Compliance e formação de Especialista em Compliance, ambos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-Law/SP). Formação Executiva em Liderança e Negociação pela Executive Language Institute na Hult International Business School in Boston/MA. Pós-graduando de MBA em Inteligência Artificial em Negócios pela Faculdade Exame – Saint Paul. Mestrando em Soluções Alternativas de Controvérsias Empresariais pela Escola Paulista de Direito (EPD).

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