Da redação
Em 21 de maio de 2025, no Rio de Janeiro (Brasil), foi realizada a segunda sessão de especialistas da Plataforma de Energia Nuclear dos BRICS neste ano, com o tema “Perspectivas para o desenvolvimento de instrumentos de financiamento para projetos no setor nuclear”. Organizada durante a feira NT2E, a sessão deu continuidade às iniciativas de fortalecimento da parceria intergovernamental no setor nuclear, apoiadas ao mais alto nível pelas lideranças do Brasil e da Rússia.
Porque viabilizar o financiamento de projetos nucleares é essencial para ampliar o acesso à energia limpa, acelerar a transição energética e garantir segurança e soberania tecnológica nos países do BRICS, com destaque para o avanço dos reatores modulares pequenos (SMRs).
Por que isso importa?
O evento contou com a participação de representantes da Rosatom, da CNNC (China), das brasileiras ABDAN e Diamante Geração Energia, da NPPD (Irã), da ABEN (Bolívia) e das sul-africanas Eskom e NECSA. O tema central foi o desenvolvimento de instrumentos financeiros para viabilizar projetos nucleares nos países membros do BRICS e em estados parceiros.
Os participantes destacaram o crescente interesse de bancos multilaterais de desenvolvimento e instituições financeiras nacionais em investimentos de longo prazo voltados para o cumprimento de metas climáticas e sociais.
Para formuladores de políticas públicas, investidores e gestores do setor energético, a atuação da Rosatom na Plataforma dos BRICS importa por viabilizar o financiamento de projetos nucleares, impulsionar os SMRs e fortalecer a transição energética com segurança e inovação tecnológica.
Para quem isso importa?
Elsie Pule (África do Sul), coordenadora principal da Plataforma de Energia Nuclear dos BRICS, ressaltou:
“No atual cenário global, o tema do financiamento ganha relevância especial. No ano passado, a Agência de Energia Nuclear da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico publicou um relatório sobre o estado atual das tecnologias nucleares, no qual o financiamento — ao lado da prontidão das cadeias de suprimento e da disponibilidade de profissionais qualificados — foi apontado como um dos principais obstáculos à execução bem-sucedida de projetos no setor nuclear. A questão dos instrumentos financeiros é crucial para os países que desejam incluir a energia nuclear em sua matriz energética.”
O representante da Rosatom destacou a importância de desenvolver operações estruturadas, divididas em fases, com a aplicação de diferentes ferramentas de financiamento em cada etapa.
“Após a mitigação dos principais riscos do projeto nos primeiros anos, os financiamentos para infraestrutura, com prazos superiores a 15 anos — inclusive provenientes de bancos de desenvolvimento — devem desempenhar um papel fundamental. De modo geral, o setor espera um crescimento do interesse do sistema financeiro por projetos nucleares, impulsionado pela priorização de iniciativas de ‘transição energética’, nas quais a energia nuclear está incluída, especialmente no promissor segmento dos reatores modulares pequenos (SMR)”, afirmou Stanislav Shpakovsky, da Rosatom.
Informações adicionais
A Plataforma de Energia Nuclear dos BRICS foi criada com o objetivo de fortalecer a cooperação em nível corporativo e promover a energia nuclear como fonte de eletricidade limpa e tecnologia avançada para usos não energéticos. Em 2024, foram realizadas duas reuniões de alto nível com a participação de empresas, organizações e órgãos governamentais de nove países.
Um comunicado de apoio à criação da Plataforma foi assinado por nove entidades dos países membros e parceiros dos BRICS: Rosatom (Rússia), CNNC (China), NECSA e Eskom (África do Sul), NPPD (Irã), ABDAN (Brasil), ABEN (Bolívia), o Ministério da Inovação e Tecnologia da Etiópia e a NPPA (Egito). Ao longo de 2025, estão previstas atividades especiais da Plataforma nos principais fóruns internacionais do setor nuclear.
A Rosatom participa ativamente das iniciativas da Plataforma, contribuindo para o desenvolvimento de uma parceria equitativa no setor nuclear e promovendo soluções energéticas sustentáveis.
A feira NT2E-2025, organizada pela Associação Brasileira para o Desenvolvimento de Atividades Nucleares (ABDAN), aconteceu de 20 a 22 de maio no centro de exposições ExpoMAG, no Rio de Janeiro. A programação incluiu dezenas de painéis temáticos, discussões técnicas e encontros de negócios sobre os principais tópicos do setor nuclear — da mineração de urânio e SMR ao engajamento da juventude.
Neste ano, a atenção voltou-se especialmente para o financiamento sustentável de projetos nucleares. Durante a NT2E, foi realizada uma sessão de especialistas da Plataforma dos BRICS — uma iniciativa internacional independente dedicada à promoção da energia nuclear como ferramenta de transição energética, soberania tecnológica e desenvolvimento sustentável.
O debate contou com a participação de representantes de instituições financeiras, órgãos governamentais e empresas dos países BRICS e de nações parceiras. Entre os temas discutidos estavam a taxonomia verde, o acesso a investimentos internacionais e a formação de parcerias igualitárias entre fornecedores e contratantes de tecnologia.