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Inteligência artificial no meio jurídico: dupla perfeita ou perigosa?

Expansão da IA desafia limites éticos e reforça a importância do fator humano
Inteligência artificial ocupará 80% das grandes empresas em 2025
Inteligência artificial ocupará 80% das grandes empresas em 2025 - Freepik

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Jeferson Passos

Cada dia vemos mais claramente a influência da inteligência artificial (IA) em praticamente todas as áreas de nosso cotidiano, incluindo o mercado de trabalho. De acordo com uma pesquisa recente da consultoria Gartner, nesse ano mais de 80% das grandes empresas terão integrado soluções de inteligência artificial em seus processos. Esse dado, portanto, reflete o crescimento acelerado dessas tecnologias, impulsionadas não apenas pela necessidade de otimizar operações, mas também pelo desejo de aumentar a eficiência em diversas áreas da sociedade.


Por que isso importa?

Esse assunto importa porque a Inteligência Artificial está transformando rapidamente a sociedade, influenciando mercados, profissões e decisões estratégicas. Com sua adoção crescente, entender suas limitações e implicações éticas é crucial para garantir que ela seja usada de forma responsável, sem comprometer a autonomia e o discernimento humano em situações críticas.

A IA, por sua vez, depende de dados processados. Isso significa, em outras palavras, que precisamos “ensinar” à inteligência o que queremos que ela nos auxilie. Considerando que todos os processos e decisões judiciais são arquivos públicos, torna-se inevitável que, no futuro, essas duas áreas estejam cada vez mais conectadas. Entretanto, é importante ressaltar que a IA é, essencialmente, um sistema estatístico matemático, ou seja, nenhum sistema pode garantir 100% de acerto.


Para quem esse assunto interessa?

O tema interessa principalmente a profissionais e setores diretamente impactados pela IA, como advogados, médicos, engenheiros e líderes empresariais. Além disso, gestores públicos, educadores e desenvolvedores de tecnologia precisam discutir como alinhar a expansão da IA às necessidades humanas e éticas, garantindo sua integração equilibrada na sociedade.

Fator humano

Com isso em mente, é evidente a necessidade de manter o fator humano com um papel decisório fundamental. Para ilustrar essa ideia, podemos comparar com outras profissões: quando um médico comete um erro que causa a morte de um paciente, a justiça pode responsabilizá-lo criminalmente. Da mesma forma, o mesmo ocorre com um engenheiro, caso um prédio desabe por falha estrutural.

No âmbito jurídico, o debate acerca da IA deve seguir lógica semelhante. Um advogado ou juiz não pode, sob nenhuma circunstância, basear decisões unicamente na IA. Além disso, é pouco provável que uma empresa de tecnologia venha a possuir algo equivalente a uma OAB para responder juridicamente. O que se mostra mais plausível, no entanto, é a utilização da IA como uma ferramenta de aceleração e suporte.

O fato de a IA não ter sentimentos explica isso, sobretudo. A inteligência artificial se mostra altamente especializada, já que treinamos o sistema para executar tarefas bastante específicas. Por outro lado, a inteligência humana é muito mais flexível, permitindo-nos adaptar a uma ampla variedade de situações.

Por ser um modelo estatístico, a IA tende a apresentar conclusões semelhantes diante de cenários parecidos. No entanto, fica a pergunta: e os inúmeros momentos na história em que o ser humano criou um ponto de inflexão sobre uma linha de pensamento ou sobre um ideal coletivo? Nós, enquanto humanos, somos capazes de sentir emoções e demonstrar empatia porque temos consciência de nós mesmos e do mundo ao nosso redor.

Substituição

Olhando por outro lado, é claro que áreas mais operacionais e mecânicas poderão, com o tempo, ser substituídas de maneira mais fácil pela inteligência artificial. Contudo, essa substituição também traz oportunidades, pois novos empregos serão criados, inclusive no campo do direito. Antigamente, uma pessoa que se graduava na área jurídica tinha basicamente duas opções: fazer concurso ou trabalhar em um escritório. Agora, com o advento da tecnologia, surgiram cerca de 30 novas funções ligadas à advocacia.

Em resumo, a tecnologia está transformando rapidamente a área jurídica, trazendo benefícios significativos, como a automação de tarefas rotineiras e a previsão de decisões judiciais. Apesar disso, a habilidade humana permanece essencial. A experiência, por sua vez, continua sendo crucial para garantir decisões informadas e estrategicamente fundamentadas.

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Jeferson Passos

Jeferson Passos é engenheiro de softwares formado pela PUC-PR, com MBA em “Executive Management” pela FAE Business School, Jeferson Passos é sócio e COO da empresa de tecnologia e software house Bindflow.

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