Da Redação
O Brasil terá um representante na próxima expedição científica internacional ao Polo Norte, promovida pela estatal russa Rosatom. O carioca Octávio Gomes Falcão Leal participou do projeto “Quebra-Gelos do Conhecimento”. Ele foi um dos 20 jovens de fora da Rússia selecionados para a iniciativa. Ao todo, cerca de quatro mil candidatos de diversos países se inscreveram. A jornada acontecerá em agosto de 2025 a bordo do “50 Let Pobedy”, um dos quebra-gelos nucleares da frota russa.
A participação de um jovem brasileiro em uma expedição científica ao Polo Norte mostra o impacto da educação e da ciência na transformação social. O tema evidencia como oportunidades internacionais podem inspirar a nova geração a se engajar com desafios globais e tecnologias estratégicas, como a nuclear.
Por que isso importa?
A expedição
A edição deste ano marca os 80 anos da indústria nuclear russa e celebra também os 500 anos da exploração da Rota Marítima do Norte. Ao todo, 65 estudantes com idades entre 14 e 16 anos irão ao Ártico. A seleção envolveu etapas como quizzes, webinars sobre tecnologia nuclear e a apresentação de vídeos com propostas para transformar seus países por meio da ciência.
O tema interessa a educadores, estudantes, formuladores de políticas públicas e profissionais da área científica e tecnológica. Também desperta atenção de quem busca fortalecer o protagonismo brasileiro em pautas globais e promover o acesso dos jovens a experiências que conectam ciência, cultura e desenvolvimento sustentável.
Para quem isso interessa?
Para Octávio, ser escolhido é muito mais do que uma conquista pessoal. “Representar o Brasil nessa jornada não só é uma grande honra; é uma grande responsabilidade”, afirma.
Apaixonado por ciência, ele vê na participação uma oportunidade de levar o nome do país a um palco internacional e, ao mesmo tempo, inspirar outros jovens brasileiros a acreditarem em seu potencial científico.
“Falta o reconhecimento da importância da ciência. Muitos desistem por não verem seu potencial transformador”, reflete o jovem, que vê o incentivo à curiosidade e à persistência como caminhos essenciais para que mais brasileiros sigam carreiras na inovação e na pesquisa.
Em entrevista ao +QD, Octávio fala sobre a experiência de representar o Brasil no Ártico, os impactos da ciência em áreas como energia, medicina e agricultura — e o que o motivou a levar essas ideias até o Polo Norte.
+QD: O que significa para você representar o Brasil nessa jornada ao Ártico?
Octávio Gomes Falcão Leal: Representar o Brasil nessa jornada não só é uma grande conquista e honra; é uma grande responsabilidade. Para mim, significa ser uma inspiração para outros jovens cientistas brasileiros como eu, significa trazer um pedaço do Brasil ao estádio global nas tecnologias nucleares, e significa aprender e colaborar com vários outros indivíduos de diversas culturas diferentes.
+QD: Como essa experiência pode transformar seu futuro pessoal e profissional?
Octávio Gomes Falcão Leal: Acho que essa experiência será altamente impactante para meu futuro pessoal e profissional. No lado profissional, essa experiência aprofundará meu envolvimento com a área da ciência nuclear e me proverá um diferencial competitivo em processos seletivos. No lado pessoal, acho que essa experiência expandirá meus horizontes, me conectará com outros colegas tão interessados na ciência quanto eu, e demonstrará a mim mesmo que com esforço, posso alcançar conquistas extraordinárias.
+QD: Qual foi a ideia central que você apresentou no seu vídeo para o concurso?
Octávio Gomes Falcão Leal: Meu vídeo teve como ideia central os avanços atuais e futuros na tecnologia nuclear em três áreas de forte importância ao Brasil: a energia, a medicina, e a agricultura.
+QD: O que inspirou você a abordar esse tema e por que ele é relevante?
Octávio Gomes Falcão Leal: Várias experiências me inspiraram a escolher esses três setores para meu vídeo. A agricultura é um setor crucial ao Brasil, sendo uma das maiores fontes de renda do país. Numa excursão recente a uma empresa agrícola, descobri que a agricultura — especialmente sua área de pesquisa e desenvolvimento — se conecta fortemente com a tecnologia nuclear. Esse conhecimento me inspirou a abordar esse tema.
Fui inspirado a abordar o tema da medicina por conta da minha mãe. Ela é médica oncologista e pesquisadora. Frequentemente conversamos sobre novos tratamentos radioterápicos e avanços na área. Essas conversas me inspiraram a pesquisar mais sobre usos atuais da ciência nuclear na medicina.
Finalmente, fui inspirado a abordar o tema da energia pois o Brasil é conhecido mundialmente por ser altamente avançado na área de energia sustentável, além de ser um dos poucos países que investem em tecnologias nucleares como recurso de energia. Estes investimentos me inspiraram a pesquisar mais sobre as usinas Angra 1 e 2, e adicioná-las ao meu vídeo.
+QD: O que mais te surpreendeu ao conhecer as tecnologias e pesquisas desenvolvidas pela Rosatom?
Octávio Gomes Falcão Leal: O que mais me surpreendeu ao conhecer essas tecnologias é a quantidade de países envolvidos, e a escala dos serviços providenciados. Por exemplo, eu não era ciente de que países em desenvolvimento como a Bolívia e Uzbequistão eram investidores de tecnologias nucleares recentes.
+QD: Você tem intenção de desenvolver seus estudos na área de energia nuclear?
Octávio Gomes Falcão Leal: Sim, tenho interesse em desenvolver meus estudos na área de energia nuclear. Essa expedição me deixará interagir com profissionais na área, ajudando-me a clarificar dúvidas.