Marcia Raicher
No Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem cerca de 32 milhões de pessoas com mais de 60 anos. O contador do site Longevidade ainda afirma que, a cada 21 segundos, adiciona-se mais uma pessoa ao quadro dos 50+ no país. Paralelamente – e até paradoxalmente -, uma realidade silenciosa e dolorosa tem se expandido: muitos idosos sentem que não têm espaço de fala dentro das próprias famílias.
Esse assunto é importante porque a exclusão dos idosos dentro das famílias pode afetar gravemente sua saúde emocional e física. Com o aumento da população idosa no Brasil, é essencial promover inclusão e diálogo para melhorar sua qualidade de vida.
Por que isso importa?
O silêncio e a exclusão podem ser extremamente prejudiciais, afetando não apenas a autoestima dessas pessoas, mas também a saúde emocional e física. A inversão de papéis entre pais e filhos, os estereótipos sobre a velhice e as dificuldades de comunicação contribuem para essa marginalização. Isso pode levar ao desenvolvimento de depressão, ansiedade e ao agravamento de condições médicas preexistentes. De acordo com o IBGE, os idosos são os mais afetados pela depressão, com 13% da população entre 60 e 64 anos sofrendo dessa condição.
Esse tema interessa especialmente aos profissionais de saúde, familiares e mediadores, além dos próprios idosos. A mediação pode transformar a convivência familiar e garantir que os idosos sejam respeitados e incluídos nas decisões importantes.
Para quem esse assunto interessa?
Mediação
O impacto desse isolamento é profundo. Nesse contexto, profissionais aplicam a mediação como uma solução amplamente conhecida no âmbito jurídico, podendo utilizá-la em situações adversas como essa. Esse método atua como um agente transformador. Ele promove o diálogo aberto, estimula a inclusão dos idosos nas decisões familiares e reforça seu papel ativo dentro do ambiente doméstico.
Para enfrentar os desafios do isolamento, é fundamental adotar estratégias que incentivem o diálogo familiar. Além disso, é importante desconstruir preconceitos sobre o envelhecimento e promover um espaço mais acolhedor. Incluir os idosos nas decisões cotidianas e nos planejamentos futuros fortalece a sensação de pertencimento e valorização. Neste cenário, as ferramentas de mediação surgem como uma solução aplicável.
Elas têm se mostrado fundamentais para promover uma convivência mais harmoniosa, tanto no ambiente familiar quanto em instituições de atendimento. Questões como rotina diária, administração financeira e cuidados com a saúde podem se tornar fontes de tensão. A mediação surge, então, não apenas como solução para disputas. Ela também é um meio eficaz de fomentar a conversa e a compreensão entre todas as partes envolvidas.
Comunicação Não Violenta
A abordagem mediadora baseia-se em técnicas que garantem que pessoas da terceira idade tenham voz ativa e sejam respeitadas, considerando suas necessidades e limitações. A Comunicação Não Violenta (CNV), por exemplo, permite que sentimentos e demandas sejam expressos sem críticas ou acusações, facilitando o entendimento mútuo. A escuta ativa assegura que cuidadores e familiares compreendam verdadeiramente os anseios dos idosos e possam oferecer respostas mais adequadas. Além disso, a empatia e a paciência são pilares que tornam a interação mais respeitosa e equilibrada.
A mediação também se beneficia do uso de tecnologias assistivas, que auxiliam na autonomia e na comunicação dos idosos durante o processo. Sessões estruturadas de facilitação de diálogo ajudam a resolver questões específicas. O registro das sessões contribui para evitar desentendimentos futuros e garantir que todas as partes sigam os acordos estabelecidos.
O fato é que a sociedade tem um compromisso inegável com a garantia da dignidade dos idosos. À medida que a população envelhece, a mediação se apresenta como uma alternativa eficiente. Ela assegura que essa etapa da vida seja vivida com respeito, harmonia e qualidade, construindo um futuro mais humano e justo para todos, independentemente da idade.